Segunda-feira, 19 de Maio de 2008

"Conta-me Como Foi" e conta-me como vai ser...

"A vida mudou tanto nestes últimos anos que tudo aquilo que foi natural para mim aos 16 (e está bem retratado em Conta-me), ao meu filho parece quase absurdo. A televisão a preto e branco, a hora de fecho de emissão (com o hino nacional e a bandeira ao vento), os telefones, a ausência de computadores, etc, etc, são coisas tão remotas que chegam a parecer primitivas. E, no entanto, passaram apenas trinta anos."

Palavras de Laurinda Alves no seu post sobre a série "Conta-me Como Foi".

 

Ver esta série do canal 1, cá em casa, também é uma tarefa obrigatória ao domingo.
Esperamos sempre ansiosamente as aventuras, desventuras e tropelias daquela família e os risos que advêm de assistir àquelas peripécias familiares. E tal como diz a Laurinda, também o meu filho, agora com 15 anos e fã da série, acha certas coisas difíceis de acreditar.
 

Como nasci no ano de 1964, na altura em que a série decorre eu tinha apenas 5 anos, portanto, os aspectos políticos da questão só me foram dados a conhecer após o 25 de Abril quando já tinha 10 anos. Mas lembro-me perfeitamente de viver naquelas condições, quase sem brinquedos, sem TV, sem máquina de lavar roupa e até sem frigorífico. A maioria destes electrodomésticos entraram na minha casa já eu andava na escola, pelos 7 anos.

 

Na altura as mães eram domésticas, modistas ou bordavam para fora. A instrução era pouca e o dinheiro menos ainda e os poucos privilegiados que tinham dinheiro para tudo o que queriam, tratavam os outros como escumalha.

 

Passados 40 anos, temos toda a tecnologia do mundo à nossa disposição, internet, trabalhos a 30 ou 40 km de casa, computador em tudo o que é sítio, mas somos, a maior parte, infelizes. Sofremos cada vez mais com problemas resultantes do stress, da falta de exercício, da vida extremamente agitada e difícil. Acentuam-se a obesidade, os problemas cardiovasculares e as depressões...

 

Estaremos muito melhor hoje?

A evolução que houve no campo da habitação, serviços de saúde, justiça, legislação de trabalho, ao longo das últimas décadas, está agora a ser travada e, novamente, só os ricos têm acesso a tudo com facilidade. Mais uma vez, temos que lutar contra o Estado e contra os patrões, para fazer valer direitos que estão na lei mas que os empregadores não respeitam.

 

Parece-me que está a voltar tudo ao mesmo! As pessoas começam outra vez a ter medo de falar por causa de represálias no trabalho e nos serviços públicos. Os desempregados são tratados como criminosos e os doentes de baixa ainda pior. Temos todos que saber mais do que os empregados dos balcões de serviços do Estado ou somos completamente ignorados.

 

Tirando a explosão de tecnologia, não mudámos assim tanto. Com a crise de combustíveis, a crise alimentar e as dificuldades que se avizinham, acho que a febre consumista vai levar um grande golpe.

 

Se não conseguirmos dar esta volta, a coisa vai ficar preta!

Desabafos externos:
De daplanicie a 19 de Maio de 2008 às 19:15
Como somos "raparigas do mesmo ano" tenho exactamente a mesma ideia que tu a respeito do que era a vida naqueles tempos e também acho a série fantástica. Deixa-me meio melancólica, com saudades do passado!
Beijinhos
De Straycat a 20 de Maio de 2008 às 16:30
O que deixa toda a gente melancólica deve ser o mesmo. Temos saudades da vida não ser tão acelerada, do convívio entre miúdos da vizinhança, de não ter medo de andar à noite na rua e do respeito que havia entre as pessoas.
Um abraço melancólico.
De susu a 19 de Maio de 2008 às 23:14
É uma coisa assustador de ver que estamos a regressar no tempo em tudo, e isto no mundo inteiro!
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É uma coisa assustador de ver que estamos a regressar no tempo em tudo, e isto no mundo inteiro! <BR><BR class=incorrect name="incorrect" <a>bjs</A>
De Straycat a 20 de Maio de 2008 às 16:42
É mesmo assustador, eu diria até arrepiante.
Tudo o que podemos fazer é combater esta vaga de indiferença e de inércia e tentar mobilizar os amigos e familiares para não se contentarem com as migalhas que nos querem dar.
Retiram direitos, retiram serviços, retiram ajuda a quem necessita. Temos direito a uma vida digna, mas temos que lutar por isso!
De Carolina Ferreira a 12 de Junho de 2008 às 11:07
Tenho apenas 23 anos e adoro ver o "Conta-me como foi", embora não sinta a nostalgia de quem viveu os tempos retratados, gosto de recordar o tempo em que só tinhamos 2 canais, em que ficava a contar os segundos até a televisão abrir, a recordar os copos que a minha avó tinha, que por sinal são iguais aos da família do Carlitos quem não gosta de ver as tropelias do Carlitos a gozar com o Salazar quando ele caiu da cadeira? :)
Parabéns para quem se lembrou de pegar na série espanhola e adpatá-la à nossa história e, claro, parabéns aos actores que dão vida às personagens que preenchem as nossas memórias...
De Straycat a 12 de Junho de 2008 às 16:37
Este é o mesmo tipo de programa "familiar" a que assistíamos naqueles tempos. Até nisso o programa traz algo de bom e que as pessoas tinham saudades. Podermos ver um programa de TV que todos gostam (desde os bebés, aos bisavós). Todos aprendem algo que não sabiam ou recordam aquilo que já nem lembravam.
Eu tinha 10 anos quando foi o 25 de Abril, tinha menos 2 ou 3 anos que o Carlitos da série e estava no 1º ano do ciclo (hoje 5º ano).
Os da minha idade, que tenho 44, lembram-se de quase tudo o que acontece naqueles episódios. A maneira como os professores e os pais nos educavam, a separação de sexos na escola, as reguadas de alguns professores, as roupas da época, aqueles anúncios de TV, as revistas e jornais no quiosque, as tropelias e brincadeiras entre crianças...
Os mais velhos lembram-se principalmente das perseguições da PIDE, do medo de falar, do respeito aos mais velhos e à autoridade e da submissão feminina.
Todos temos algo a aprender com a série e todos estamos enriquecidos como famílias e como pessoas.
É preciso que nos "contem como foi" e não nos esqueçamos "como era", para não cometermos os mesmos erros ou tudo "voltará a ser" como dantes.
De Estupefacta a 17 de Junho de 2008 às 01:21
Eu tenho saudades de muita coisa e não é só das brincadeiras. Tenho saudades da segurança que sentia, da vida que nos era possível ter, da pouca agitação que havia, de me queixar que os autocarros demoravam séculos a passar na rotunda do relógio, quando ainda não haviam semáforos. Tenho saudades de ir ver os aviões... tenho saudades de tanta coisa.
Este também vou adicionar.
Beijinhos
De Straycat a 17 de Junho de 2008 às 01:47
Mas o tempo não volta para trás. Com as dificuldades por que estamos a passar neste início de século (e de milénio), agora temos de ter "Saudades do Futuro".
Boa semana e um abraço saudoso.

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